sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Os cristãos devem ou não se envolver na atividade política?

A blogueira Bruna, atual presidente do PPL abordou um tema que me chamou atenção (Política e religião: junto e misturado.) e sobre o qual quero dar minha parcela de contribuição.
 Tenho vários amigos católicos e evangélicos e na cabeça de muitos ainda resta a duvida ou a certeza do não envolvimento do cristão na política. Afinal os cristãos devem ou não se envolver na atividade política?
Em minha opinião há um ponto que devemos enfatizar de maneira especial ao entrarmos no campo difícil e complexo da relação fé e política: é que existe um absoluto quando discutimos a questão da política, que é o seguinte: é impossível viver em plenitude nossa fé, sem que nela esteja presente a dimensão política, afinal qual é a missão da Igreja de Cristo, ou seja, do cristão, é exatamente a defesa da vida e da justiça, o próprio Jesus disse: “eu vi a aflição do meu povo... eu vim para que todos tenham vida em abundância,” ora o nosso Deus é o Deus da vida e da justiça, ele optou explicitamente pela erradicação da pobreza e pela promoção da justiça, podemos concluir que esta opção não foi arbitrária ou livre mais radicalmente necessária e divina, daí, já não cabe simplesmente a igreja optar pela defesa da vida e da justiça porque foi o próprio Deus que a igreja acredita que fez esta opção.
Ninguém pode se dizer cristão, ninguém pode aceitar o evangelho plenamente, sem um comprometimento concreto em favor da vida e da justiça. E a justiça não pode ser construída fora da dimensão da política. Sinceramente se isso já faz parte do discurso das igrejas decididamente não faz parte da prática. Existem estereótipos e distorções enormes na mente e principalmente na prática dos cristãos. A fé cristã sobretudo deve ser uma fé política,econômica, social e cultural, deve atingir o ser humano por inteiro e mexer com as estruturas da sociedade.
Costumo dizer que o cristão precisa também se indignar. Mas essa indignação deve esta fundamentada em dados bem concretos. E aqui estar um ponto bastante sério e, do meu ponto de vista, bastante deficiente entre os cristãos: o saber ler e discernir os sinais dos tempos. Somos tremendamente manipulados e iludidos, falta-nos um instrumental crítico para poder discernir os sinais dos tempos que gritam sob  nossos olhos. Essa ainda é, infelizmente, uma das características mais comuns entre os cristãos: a ingenuidade, a boa-fé. Cristo pediu que fossemos, simples mais não simplórios. Gostaria de partilhar o que julgo mais urgente, entre os cristãos. Precisamos nutrir nossa humildade e nos despir da intolerância e do sectarismo, só assim evitaremos  o desanimo diante das tarefas que parecem está acima de nossas forças.Penso ser fundamental fazer um apelo a ação concreta. Seria bom que cada um procurasse examinar-se para ver o que já fez até agora, e aquilo que deveria fazer. Não basta recordar os princípios, afirmar as intenções, fazer notas de injustiças gritantes e proferir denuncias proféticas; estas palavras ficarão sem efeito, se não forem acompanhadas, e isto vale para cada cristão em particular, de uma tomada de consciência mais viva de sua própria responsabilidade e de uma ação efetiva. É muito fácil jogar sobre os outros a responsabilidade das injustiças, se ao mesmo tempo não se tem em conta a própria parte nelas e que a conversão pessoal é necessária mais do que qualquer outra coisa, o cristão precisa ter consciência que a fé apesar de necessitar da política vai mais alem transcende o aqui e o agora o imediato e o presente, é isso que traz ao militante cristão a segurança, a tranqüilidade e a paz e não permite com que as agruras, os sofrimentos, as desilusões, as ciladas, o cinismo do mal lhe tire a paz do coração. Temos de ter a capacidade de continuar a celebrar e a festar, mesmo em meio à caminhada cheia de contratempos e contradições.

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